Osteonecrose da cabeça do fêmur: doença atinge pacientes mais jovens

Osteonecrose da cabeça do fêmur: doença atinge pacientes mais jovens

A doença acomete preferencialmente o adulto jovem, na faixa dos 30 a 50 anos, sendo mais frequente nos homens

As doenças de quadril, como artrose e outras categorias de desgastes, estão quase sempre associadas às pessoas com idade mais avançada, próximas ou acima dos 60 anos. No entanto, essa patologia pode atingir pacientes de qualquer faixa etária.

Segundo pesquisas, mais de 80% dos casos se concentram na população do sexo masculino, entre 30 e 50 anos. Esse fato é um complicador na qualidade de vida desses pacientes, visto que essa é uma idade em que a pessoa está bastante ativa, no trabalho, na vida pessoal e a doença acaba impactando significativamente nos movimentos, causando dor devido à artrose precoce. 

Muitos não conseguem mais praticar esporte ou atividade física, realizar atividades consideradas simples, como subir ou descer escadas, entrar e sair do carro, abaixar-se e levantar-se sem dificuldade.

O médico ortopedista, especialista e membro da Sociedade Brasileira do Quadril (SBQ), Dr. Lucas do Amaral Santos, explica que a osteonecrose da cabeça femoral ou doença de Chandler, ainda pode ser conhecida por doença coronariana do quadril, como toda osteonecrose, é aquela que ocorre na cabeça do fêmur resultando na morte das células ósseas, em decorrência de agressões químicas,  mecânicas ou por falta de sangue e suprimentos. 

“Vale lembrar que a cartilagem se mantém viva, haja vista que a nutrição dessa estrutura se faz pelo líquido que circula no interior da articulação,  chamado líquido sinovial. Ocorre que o osso ‘morto abaixo da cartilagem,  além de gerar dor intensa,  leva a uma deformação dessa cabeça,  que acaba por lesar a cartilagem e em consequência,  culmina no desgaste global da articulação, causando a artrose do quadril, também chamada coxartrose”, explica o médico.

Qual o público e idade que ela mais atinge? 
A doença acomete preferencialmente o adulto jovem, na faixa dos 30 a 50 anos, a maioria dos pacientes, entre 60% e 80%, apresentam lesão nos dois lados do quadril, sendo mais frequente nos homens. 

Quais os principais sintomas? 
A doença inicia-se com manifestações de dor no quadril, irradiadas para a virilha e pode, inclusive, em fase inicial já levar a incapacidade de apoio do membro no chão, causando dificuldade para andar. Em fases tardias, já com a artrose instaurada, o paciente pode apresentar dificuldade para andar longas distâncias, calçar sapatos, subir em ônibus e praticar atividades físicas. 

Como é feito o diagnóstico?
Após entrevista clínica e identificação de fatores de risco, é solicitado exames de imagem como radiografias e ressonância. A radiografia pode mostrar áreas de falhas ósseas na cabeça femoral e até mesmo perda da esfericidade, ou seja, do contorno do osso. Entretanto, nas fases precoces da doença, essas imagens podem não estar presentes e somente a ressonância evidenciará as alterações da patologia,  como edema na cabeça do fêmur, imagens serpiginosas e áreas de pouco sinal, onde o osso já morreu. 

Como é o tratamento?
O tratamento baseia-se na causa principal, ou seja, tratando-se ou afastando os fatores de risco identificados, para haver redução da progressão da doença. Em relação ao tratamento cirúrgico, apesar de não possuir um índice de sucesso elevado para cura da doença,  pode ser realizada a cirurgia de descompressão, onde o cirurgião retira as áreas necrosadas ou realiza perfurações nessas regiões e pode inserir enxertos ósseos ou infiltrar células aspiradas da medula óssea do paciente. Em último estágio,  uma vez já perdido o contorno da cabeça femoral e/ou já instaurada a coxartrose, cabe-se a artroplastia, (prótese de quadril) única alternativa capaz de sanar definitivamente dores do paciente e garantir seu retorno funcional.

O Dr. Lucas, ainda, reforça que o diagnóstico precoce ajuda melhor no esclarecimento e diminui o risco da patologia. “Em caso de sintomas, o recomendado é agendar uma consulta médica o mais breve possível,  se detectado no início, com tratamento precoce mais específico diminuem os riscos à saúde”, finaliza o especialista.

Suyane Costa