Associação Caatinga alerta sobre os perigos da aproximação com animais silvestres
Morte de jovem no Piauí provocada pela “doença do tatu” chama atenção da população e demonstra o perigo da caça a animais silvestres.
Na última semana, em Teresina (PI), um jovem de 17 anos morreu vítima de complicações provocadas pelo fungo Paracoccidioidomicose (PCM), conhecido popularmente como “doença do Tatu”. Um irmão e um amigo que estavam com ele também foram contaminados. Apesar do nome, a doença não é transmitida diretamente pelo animal. O que ocorre é que, ao caçar tatus, a pessoa entra em contato com as tocas, onde o solo está contaminado pelo fungo, e inala os esporos.
A Associação Caatinga faz um alerta sobre a caça a animais silvestres. Conforme o art. 29 da lei 9.605/1998, é considerado crime matar, perseguir, caçar, apanhar, utilizar espécies da fauna silvestre, nativos ou em rota migratória, sem a devida permissão, licença ou autorização da autoridade competente ou em desacordo com a obtida. A pena de detenção é de seis meses a um ano e multa. Se o crime for decorrente do exercício de caça profissional, a pena é aumentada até o triplo.
Além de ser crime, existe o risco para a saúde, exatamente como ocorreu com o jovem do Piauí. De acordo com relatório do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), cerca de 60% das infecções em humanos têm origem de um animal. Doenças como raiva, gripe aviária, gripe suína (H1N1), peste bubônica e tantas outras estão relacionadas com animais. Os domesticados também podem provocar doenças, mas como existe um acompanhamento mais adequado e o uso das vacinas, esse risco é bem inferior ao dos animais silvestres.
A probabilidade dos animais silvestres terem agentes zoonóticos, como vírus, bactérias, fungos, parasitas ou outras entidades biológicas suscetíveis de provocar uma zoonose, é alta. “Ao consumir ou até mesmo conviver com esses animais, a pessoa fica muito suscetível a adquirir doenças. Alguns desses animais são de fácil convivência, por isso as pessoas tendem a querer criá-los em casa, podendo ocorrer acidentes, como mordidas, picadas, arranhões e reações alérgicas, além de ataques”, explica Samuel Portela, coordenador técnico da Associação Caatinga. “Mas esses animais são fundamentais para a preservação do meio ambiente e devem ser preservados, mas em seu habitat natural”.
“O desmatamento e a perda da biodiversidade acabam aproximando os animais silvestres dos humanos, aumentando o risco das doenças zoonóticas. Por isso é tão importante o trabalho da Associação Caatinga e de todos que cuidam do meio ambiente”, completa Samuel Portela. “A Associação Caatinga trabalha com projetos de conservação de espécies silvestres, como o tatu-bola, nossas ações são voltadas para a conservação do habitat dos animais. Para preservar esses animais, a gente faz o possível e impossível para cuidar do meio ambiente. Também focamos nas ações de educação ambiental para difundir a lei de crimes ambientais e o risco à saúde no convívio com esses animais”, complementa.
Sobre a Associação Caatinga
A Associação Caatinga é uma organização da sociedade civil, sem fins lucrativos, cuja missão é promover a conservação das terras, florestas e águas da Caatinga para garantir a permanência de todas as suas formas de vida. Desde 1998, atua na proteção da Caatinga e no fomento ao desenvolvimento local sustentável, incrementando a resiliência de comunidades rurais à semiaridez e aos efeitos do aquecimento global.