Quais as relações entre a poesia nordestina e a poesia russa?
O assunto é tema da roda de conversa “O Sertão e Sibéria”, nesta quinta-feira (22), às 18h, na BECE, com Astier Basílio, doutorando pelo Instituto Górki de Moscou
“O Sertão e a Sibéria: as relações entre a poesia russa e a poesia nordestina”. Este é o título da roda de conversa que acontecerá nesta quinta-feira (22), na Biblioteca Estadual do Ceará (BECE), a partir das 18h, com acesso gratuito. O ministrante será Astier Basílio, escritor, dramaturgo e jornalista paraibano. Doutorando em literatura russa pelo Instituto de Literatura Maksim Górki, em Moscou, é autor de 15 livros, vencedor do Prêmio Nacional de Dramaturgia da Funarte (2014).
“Existem muitos pontos de semelhança entre estas duas culturas, Maiakovski, por exemplo, era alguém que considerava seu trabalho, de viajar pelas cidades recitando poesia como o de um menestrel, não só tinha uma excelente capacidade de declamar seus poemas, como também reagia às perguntas da plateia como um verdadeiro repentista”, conta. “Algumas canções nacionais russas possuem uma estrutura melódica semelhante ao aboio do vaqueiro”, observa.
Estes aspectos serão apresentados durante a roda de conversa. “Mas o aspecto mais importante que une estas duas tradições é a memória. Tanto a poesia oral nordestina como a poesia russa da Era de Prata, por exemplo, tem no ritmo e na musicalidade sua base de composição. As composições rimadas permitem uma melhor assimilação da memória”, avalia Astier. “Óssip Mandelstam era um poeta que compunha oralmente. Criava o poema na cabeça e depois ele era escrito. Augusto dos Anjos era um poeta que usava o mesmo método de criação”.
Na ocasião, será feito o lançamento de um folheto de cordel “Sal no machado” (2022, Edições Samizdat), com 9 poemas políticos de Óssip Mandelstam que foram traduzidos e comentados por Astier Basílio. Foi visitando um sebo de livros raros em Moscou, que Astier Basílio teve a inspiração para seu novo projeto. “Vi a primeira edição de várias obras de poetas como Iessiênin, Akhmátova, Pasternak e, do ponto de vista editorial, era muito parecido com os folhetos dos cordelistas nordestinos”.
Sobre ASTIER BASÍLIO
Astier Basílio é mestre em literatura russa pelo Instituto Estatal Pushkin, de Moscou e atualmente é doutorando em literatura russa pelo Instituto de Literatura Maksim Górki, também na capital russa, onde mora.
É autor de 15 livros, entre coletâneas de poemas, contos, peça de teatro e folhetos de cordel. Venceu os prêmios Novos Autores Paraibanos, em 2000, na categoria poesia, com o livro “Funerais da Fala”; o prêmio Nacional Correio das Artes, em 2010, na categoria poesia, com o livro “Finais em extinção”; o prêmio Nacional de Dramaturgia, pela Funarte, com a peça “Maquinista”, em 2014, levada aos palcos pelo grupo cearense Pavilhão da Magnólia. Foi finalista do prêmio Sesc de Literatura, em 2017, com o seu romance “Supermercado Brasil Novo”.
Escreveu o folheto de cordel “A chegada de Jon Snow no inferno”, em 2017. Escreveu, em parceria com Braulio Tavares, “A Peleja de Braulio Tavares, o Raio da Silibrina, com Astier Basílio, o Arquipoeta das Borboremas”, em 2003 e em parceria com o poeta Glauco Mattoso, em 2004, escreveu “Peleja de Astier Basílio com Glauco Mattoso”.
SERVIÇO
O Sertão e a Sibéria: as relações entre a poesia russa e a poesia nordestina – roda de conversa com Astier Basílio
Quinta-feira (22), às 18h, na Biblioteca Estadual do Ceará -BECE (Av. Presidente Castelo Branco, Av. Leste Oeste, 255 – Centro).
Acesso gratuito.