Nova rota entre Ceará e China promete beneficiar Shopee e AliExpress e aumentar em 20% as importações
Nova conexão direta reduz tempo de transporte pela metade e otimiza logística para o e-commerce internacional
O Porto do Pecém acaba de ganhar um reforço de peso na sua malha logística internacional. A nova rota marítima direta entre a China e o Ceará, batizada de Serviço Santana, foi oficialmente anunciada nesta quarta-feira (08), em parceria entre a MSC (Mediterranean Shipping Company) e a APM Terminals. A operação inédita deve impulsionar as importações no estado em até 20%, segundo estimativas do setor.
A principal novidade é a ligação direta entre portos estratégicos da Ásia e o território cearense, encurtando significativamente o tempo de transporte. A rota parte de Mundra, na Índia, passa por Singapura e percorre os principais portos chineses — Yantian, Ningbo, Xangai (o maior porto do mundo) e Qingdao — além de uma parada em Busan, na Coreia do Sul. No retorno, o navio faz escalas no Panamá e na República Dominicana, antes de atracar no Ceará.
Atualmente, o tempo médio de envio dos portos chineses para o Pecém varia entre 60 e 65 dias. Com a nova rota, esse prazo deve cair para aproximadamente 30 a 37 dias. Para o setor de comércio exterior, isso representa um ganho expressivo em eficiência e planejamento.
“A expectativa é que o transporte de cargas aumente consideravelmente, e o fluxo pode chegar a 20% a mais em importações. É uma mudança que representa um ganho relevante em eficiência para os importadores”, afirma Augusto Fernandes, CEO da JM Negócios Internacionais, empresa especializada em despacho aduaneiro e operações internacionais.
Benefícios para o e-commerce
O novo trajeto é particularmente relevante para o comércio eletrônico, beneficiando diretamente grandes plataformas como Shopee e AliExpress, que têm aumentado sua presença no Brasil. A redução do tempo de entrega pode ampliar ainda mais a competitividade dessas empresas, tornando-as ainda mais atrativas ao consumidor brasileiro.
Apesar disso, Augusto Fernandes pondera que os efeitos dessa mudança não devem refletir imediatamente no bolso do consumidor. “A redução no custo não é tão expressiva, mas o impacto no tempo de transporte é. Com prazos mais curtos, as empresas podem otimizar seus estoques, planejar melhor suas vendas e tornar a operação mais eficiente”, explica o executivo.
Com a nova conexão, o Porto do Pecém se fortalece como um hub logístico estratégico para o Brasil, se aproximando ainda mais dos grandes centros asiáticos de produção e exportação. Para o Ceará, trata-se de uma oportunidade para consolidar sua posição no cenário do comércio exterior e atrair novos investimentos em logística, transporte e tecnologia.
