Hack pela Gastronomia desenvolve mais de 70 ideias para o food service
Solução vencedora é uma ferramenta de engenharia de cardápio para aumentar a rentabilidade de menus e evitar prejuízos
O Hack pela Gastronomia chega ao fim com a criação de um banco de 71 soluções para o setor do food service, 29 das quais foram desenvolvidas em apenas cinco dias de hackathon. As demais foram construídas por startups de todo o Brasil e enviadas voluntariamente. A primeira colocada foi a equipe Avocoders, com uma ferramenta de engenharia de cardápio para ajudar donos de restaurantes a melhorar a rentabilidade dos seus menus e evitar prejuízos. O sucesso da maratona, que reuniu profissionais de 23 estados brasileiros, foi comemorado com a confirmação de novo evento em 2021 e com o lançamento do projeto Bom Gourmet Stage, destinado a acelerar as soluções mais destacadas.
O primeiro lugar do hackathon coube a um aplicativo que usa machine learning para calcular quais produtos dão mais lucro e quais trazem prejuízo, considerando variáveis como a saída dos pratos e o custo dos ingredientes. O grupo vencedor é formado por profissionais de várias áreas que se conheceram na formação das equipes. Barbara Moriel, Douglas Schmidt, Gabriel Raithz, Gabriel Mayer Silva, Letícia Mattos e Michel Sabchuk disputaram a categoria tecnologia respondendo a desafio apoiado pelas empresas Paganini e Porto a Porto.
Já o time Dendu, segundo colocado, criou uma solução para a área de negócios dentro do desafio Gold Food Service, com a participação de Débora Cieslak, Gabriel Rezende, Gabriel Maia, Maria Luiza Brito e Patrick Hessel. A plataforma pretende aproximar fornecedores e donos de bares e restaurantes para que eles negociem produtos próximos da data de validade com preços mais reduzidos. Na prática, os fornecedores cadastram os seus produtos, que ficam acessíveis para os donos de comércios efetuarem a compra.
Com uma pegada mais ecológica, a terceira colocada – Turtle Box – equipe formada pelo trio Igor Felix, Luísa Miaw e Marcell Alves, criou uma startup para promover a logística reversa de embalagens de delivery retornáveis, com a promoção de coleta, higienização e retorno de embalagens para os restaurantes. A ideia é oferecer uma experiência de consumo sustentável para os clientes sem aumentar os custos para os estabelecimentos. O pagamento pelo uso da embalagem caberia ao cliente, que ganharia um bônus para a compra seguinte ao devolvê-la.
Banco de soluções aberto à sociedade
As três melhores ideias compõem um banco com 71 soluções que ficará aberto à consulta e servirá de inspiração para o mercado de food service, um dos mais afetados pela pandemia de Covid-19. O hackathon foi a etapa final do Hack pela Gastronomia, que contou ainda com 17 talks, de 1 a 9 de setembro, com grandes nomes do setor.
De acordo com Andrea Sorgenfrei, head da Pinó, unidade de negócios que engloba a maior plataforma brasileira de gastronomia – o Bom Gourmet -, a pandemia inspirou a ideia de aplicar o modelo hackathon para enfrentar os fortes impactos sofridos por toda a cadeia do food service. “O consumo, a forma de se comunicar e de comprar mudaram intensamente e o mundo digital se tornou ainda mais realidade para toda o ecossistema da alimentação fora do lar”, comenta.
Diante desse cenário em transformação, era preciso pensar diferente, encontrar soluções para os mais variados desafios. “Por que não utilizar uma metodologia inovadora para buscar respostas a essas provocações? As técnicas de metodologia ágil que um hackathon proporciona seriam fundamentais para ganhar tração”, diz Andrea.
Mais do que investir em agilidade, promover as trocas de experiência é outro aspecto que motivou o Hack e que acabou por reunir centenas de pessoas, entre participantes, palestrantes e mentores. A mobilização e o entusiasmo foram tão intensos que a edição de 2021 já foi confirmada pela Pinó e pelo Bom Gourmet.
A head da Pinó acredita que mesmo com o anúncio dos vencedores do Hack, o trabalho realizado ao longo da disputa vai ainda mais longe. “Nossa missão como um veículo de comunicação e gerador de negócios será acompanhar o desdobramento das ideias apresentadas e fazer com se efetivem no mercado. São propostas extraordinárias e totalmente aplicáveis. Criamos um modelo de acompanhamento para esta nova fase”, revela. O Bom Gourmet Stage, novo projeto anunciado durante a live que revelou as melhores ideias do Hack, é um programa de aceleração para startups com o objetivo de gerar novos negócios por meio de mentorias, suportes de comunicação e visibilidade na maior plataforma de gastronomia do Brasil.
Para além da pandemia
Para o consultor de food service Sérgio Molinari, um dos curadores do Hack pela Gastronomia, as contribuições dadas e recebidas não se prendem apenas ao período da pandemia, mas certamente gera eco para o desenvolvimento desse mercado ao longo do tempo. “Vários projetos têm potencial e muitos, inclusive, podem conversar e se fundir para se tornarem mais robustos. Ao final de tudo isso, é encontrar funding, origem de capital e recursos para que os projetos sigam adiante”.
Para a jornalista e consultora Jussara Voss, que também participou da curadoria do Hack, os talks realizados antes de as equipes começarem a trabalhar as ideias, com a participação de mais de 45 profissionais, foram fundamentais no processo de aprendizagem. “Procuramos selecionar profissionais que são referências em cada área para ajudar no trabalho de desenvolvimento das ideias”, relembra.
De acordo com Jussara, as soluções apresentadas têm muito potencial de ajudar o setor. “Na análise das propostas, percebemos que mesmo em pouco tempo, foram amarradas, lapidadas e mostraram a real necessidade. Acho interessante que esses trabalhos fiquem em um banco para que as ideias possam se concretizar em negócios.”
Conheça o Top 14 do Hack pela Gastronomia
Avocoders – Ferramenta de engenharia de cardápio para ajudar donos de restaurantes a melhorar a rentabilidade dos seus menus por meio do uso de machine learning.
Dendu – Solução para a área de negócios que pretende aproximar fornecedores e donos de bares e restaurantes para que eles negociem produtos próximos da data de validade com preços mais reduzidos.
Turtle Box – Startup para promover a logística reversa de embalagens de delivery retornáveis, com a promoção de coleta, higienização e retorno de embalagens para os restaurantes.
BBS BOT – O BBS é um BOT que permite, por meio do Discord, fazer pedidos de comida ou bebida preferida com poucos comandos e com entrega rápida.
Chef em Casa – Aplicativo que permite delivery de experiência gastronômica, com oferta de ingredientes e vídeos onde os chefs ensinam a preparar os pratos.
Horti – Aplicativo que viabiliza e facilite a comunicação e a venda direta de produtos hortifrutigranjeiros entre os pequenos produtores rurais e serviços de alimentação.
GastroMind – Sistema que permite que o cliente faça seus pedidos utilizando um aplicativo em seu celular, ou em um totem central na loja, com o mínimo de contato.
Vitus – App que o usuário possa ser atendimento no restaurante ou a busca por um restaurante para facilitar reservas, sem precisar de fila ou espera
Ukecode – Plataforma para restaurantes, bares e chefs que concentra a venda de experiências gastronômicas ao público final, com entrega de ingredientes para execução em casa por meio de receitas gravadas e/ou ao vivo ou eventos agendados na casa do cliente.
Gastrô Experience – Por meio de um QR code, o cliente tem acesso a um vídeo personalizado, com instruções de como finalizar o prato e/ou qualquer outra mensagem relevante que o estabelecimento queira fazer chegar ao cliente.
Fênix – Aplicativo de gerenciamento de mesas e pedidos com praticidade e agilidade, diminuindo tempo de espera e otimizando espaços.
OpaFood! – Aplicativo que proporciona uma experiência simplificada e digital da reserva ao pagamento, por meio de integrações de pagamento e pedidos.
AccessEat – Aplicativo voltado para a comunicação entre restaurantes e clientes que possuem algum tipo de intolerância ou restrição alimentar.
Zero-15 – Criar espaços extras para bares e restaurantes que tenham alcançado a sua capacidade máxima permitida com anexos colaborativos com um sistema de delivery fora de casa.