Jamais Visto: Confira o disco de estreia do duo Leves Passos
Primeiro trabalho do projeto formado por Ayla Lemos e Felipe Couto traz nove faixas que vão do eletrônico à música tradicional brasileira, passando ainda pelo post-punk e o rock de diversas vertentes.
Absorções artísticas e inspirações nas trajetórias de dois artistas cearenses, nos mais variados estilos e vertentes, como MPB, música alternativa e batidas eletrônicas, transformadas em sonoridades singulares e criativas. É assim que Felipe Couto e Ayla Lemos, do projeto “Leves Passos”, definem o primeiro disco do duo, intitulado “Jamais Visto”, lançado pela Mercúrio Música e já disponível nas principais plataformas digitais.
Com referências de artistas como Four tet, Thom Yorke, Milton Nascimento, Alewya e Weval, entre outros, o álbum de estreia de “Leves Passos”, que conta com 09 faixas inéditas, começou a tomar forma ainda em 2019, quando os dois artistas se conheceram e passaram a compor juntos. Inclusive, boa parte do processo criativo de “Jamais Visto” ocorreu durante o isolamento social em razão da Covid-19.
“Entramos em estúdio no ano passado, mas toda a parte da concepção musical do álbum foi realizada à distância, por meio de interações digitais, como áudios de WhatsApp, beats, síntese sonora, colagens de samples e processamentos de efeitos digitais. Essas ferramentas moldaram esteticamente a sua escrita poética e a sonoridade do disco”, destaca Ayla Lemos.
A música “Atrás dos Olhos”, por exemplo, nasceu em um contexto de colaboração remota. A Ayla deu início ao compartilhar suas ideias de violão e voz por meio do WhatsApp, enquanto Felipe se dedicou à criação dos beats e sintetizadores, harmonizando-os com os áudios recebidos.
“A escolha de manter essa gravação em uma qualidade lo-fi não foi somente uma decisão técnica, mas também uma declaração artística. Essa abordagem foi motivada tanto pela satisfação com o resultado alcançado, quanto pela intenção de registrar o momento que todos vivenciamos durante o isolamento social”, explica a artista.
Já a música “Carneia!” se apresentava, inicialmente, como uma peça instrumental. Durante as sessões online com o Regis Damasceno, foram surgindo melodias que complementam a harmonia já presente, além da possibilidade de adicionar uma letra. A dupla, então, compôs a letra remotamente, criando uma interação dinâmica entre os elementos musicais e a expressão lírica. Esse diálogo entre a melodia e a letra acrescentou camadas de significado, transformando-a em uma experiência auditiva mais completa.
Outra canção do álbum, “Impulso que Resta”, revela a jornada de um indivíduo em busca de sua própria libertação. A faixa, que conta com performance de flauta transversal por Clarisse Aires na parte instrumental, manifesta, através de seus versos e melodias, determinação e vontade de resistir. “O resultado é uma música pulsante, construída em formato de loop, onde parte da letra é reforçada de forma contínua, permitindo que a mensagem seja assimilada e destacada. Apesar de deixar margem para a interpretação do ouvinte”, pontua Felipe.
Mergulho no desconhecido
Já o nome do álbum, conforme destaca Felipe Couto, é inspirado no termo francês “jamais vu”, que descreve a sensação de algo familiar que parece totalmente desconhecido. Esse sentimento ganha vida nas novas rotinas, nos novos modos de sentir a existência ao lado do incerto e da ausência. Assim, o álbum é um ode às mudanças que nos cercam e à estranheza de senti-las.
“Além disso, o termo ‘Jamais Visto’ levanta, de uma forma ou de outra, uma curiosidade, um questionamento que a princípio parece trivial, até se transformar em algo profundo. Se jamais vimos, então há algo a se descobrir? Talvez seja uma investigação em que os resultados irão se diferenciar a cada um que se propõe a essa jornada. Mais: uma jornada que, talvez, nunca tenha fim”, reflete Felipe Couto.
A produção musical de “Jamais Visto” é assinada por Felipe Couto e Ayla Lemos, com a coprodução do músico e produtor musical Regis Damasceno (Cidadão Instigado) durante o processo de criação do álbum. A mixagem é de Felipe Couto, no estúdio Lisa, (Fortaleza/CE) e a masterização é de Fernando Sanches, no estúdio El Rocha (São Paulo/SP). Já a capa é assinada pelo ilustrador e diretor de animação Diego Maia e os visualizers das 09 músicas são da artista visual transmídia AMORFAS.
Sobre o projeto
Formada em 2019, Leves Passos é o encontro de dois compositores e um lugar onde suas pesquisas musicais se unem à vontade de criar. A musicalidade da dupla permeia entre a música eletrônica e a canção, o que permite aos artistas explorarem sonoridades ímpares e ampliarem caminhos em seus fazeres artísticos. A primeira apresentação foi no ano de 2019, no festival de Vídeo Mapping Abstrata, que contou com a participação do artista multimídia Dimitri Lomonaco nas projeções.
O grupo pausou as atividades presenciais no início de 2020 devido às consequências da pandemia de Sars-Covid-19. Nesse período, dedicaram-se a compor e a produzir suas canções adaptadas aos formatos do isolamento social, a partir de encontros semanais via videochamadas. Somente em 2021, com a reabertura de algumas atividades comerciais, que os artistas finalmente retomaram os encontros para gravação em estúdio.
Em 2022 a dupla fez o seu primeiro lançamento, “Atrás dos Olhos”, em formato de single. Realizaram diversos shows, entre eles, Mercúrio Apresenta Máquinas e Leves Passos, no jegue.s, Festival Elos, V Festival da Juventude de Fortaleza, conquistando o 3º lugar. Nessa temporada de shows, contaram com a participação da artista visual Amorfas (Stylist e Projeções) e Apenas.li (Maquiagem).
Em 2023, realizaram um show no Pé Sujo, Ateliê Sonoro e no Cinema do Dragão do Mar, ambos com a participação da Amorfas, nas projeções. Logo depois, embarcaram na sua primeira turnê fora do estado, realizando três shows, um no Rio de Janeiro (Agyto Lapa) e dois em São Paulo (Nave Mídia Ninja e Centro Cultural Vila Formosa), como parte do projeto de circulação das três bandas que ganharam o V Festival da Juventude de Fortaleza.