Automedicação: especialista explica casos em que a prática é perigosa

Automedicação: especialista explica casos em que a prática é perigosa

Automedicação se tornou um hábito no Brasil – dados do Conselho Federal de Medicina (CFM) indicam que 77% dos brasileiros fazem o uso de medicamentos sem qualquer orientação médica. Apesar de comum, segundo Nívia Tavares, professora do curso de Farmácia do Centro Universitário Fametro (Unifametro), essa prática pode mascarar os sintomas de uma doença grave, o que pode atrasar o tratamento adequado.

Nívia explica que nem toda ingestão de medicamentos por conta própria pode ser considerada inadequada. “A OMS trabalha com o termo ‘automedicação responsável’, que é a prática dos indivíduos de tratar seus próprios sintomas e males menores com medicamentos aprovados e disponíveis, sem prescrição médica. Essa prática é segura desde que usados segundo as orientações em bula”, explicou. 

Segundo ela, esse conceito se aplica apenas aos medicamentos isentos de prescrição, quando utilizados para tratar problemas de saúde autolimitados, em geral, enfermidades agudas e de baixa gravidade. Fora desses casos, a automedicação pode acarretar uma série de problemas à saúde. 

“Essa prática pode mascarar os sintomas de uma doença grave e atrasar o tratamento adequado. Também pode aumentar a ocorrência de efeitos colaterais indesejáveis e até intoxicações. Se o uso for de antibióticos, por exemplo, há, ainda, o risco de ocorrência de resistência bacteriana, que pode prolongar ainda mais o ciclo das doenças”, alerta a especialista.

Quando se trata da Covid, é preciso ainda mais cautela na ingestão de medicamentos. Nívia explica que, por muitas informações sobre a doença ainda não serem totalmente conhecidas, os efeitos de determinados medicamentos são incertos. “Mesmo com medicamentos de uso frequente, como analgésicos e antitérmicos, a depender da doença, os riscos de complicações podem aumentar”, explica. A professora ilustra a situação com a contraindicação do ácido acetilsalicílico no tratamento da dengue. Para a profissional, é necessário que as pessoas estejam informadas e sabendo os riscos dos medicamentos, aumentando assim a segurança ao usá-los. 

“Aqui na Unifametro desenvolvemos um projeto de extensão que, há 5 anos, leva informações para as pessoas sobre o uso correto e seguro dos medicamentos. O Centro de Informação sobre Medicamentos Unifametro desenvolve ações com a comunidade do nosso entorno para discutirmos questões do cotidiano, relacionadas ao uso correto de forma lúdica”, comentou.

Suyane Costa