Especialistas dão dicas de como aproveitar melhor a Black Friday

Especialistas dão dicas de como aproveitar melhor a Black Friday

Propagandas enganosas, com descontos irreais, podem fazer consumidores caírem em ciladas com exemplos concretos do “barato que sai caro”; vendas devem aumentar no segmento de e-commerce

Surgida provavelmente nos Estados Unidos, em meados dos anos 1990, quando comerciantes precisavam se desfazer, com certa urgência, de vários produtos em estoque, a Black Friday se tornou uma verdadeira febre no Brasil nos últimos anos. Com a garantia de ótimos descontos e preços extremamente convidativos, consumidores do país inteiro fazem economia, juntam todos os trocados possíveis para empregar na compra de produtos mais em conta no dia 27 de novembro.

E engana-se quem pensa que o cenário de pandemia será apenas de prejuizo para a data. A expectativa, principalmente no segmento do e-commerce, é justamente de aquecimento das vendas. Segundo a Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm), em parceria com o Neotrust-Compre&Confie, a estimativa para a Black Friday de 2020 é de crescimento de 77% nas vendas em relação ao ano passado, atingindo a marca de R$ 6,9 bilhões. A previsão considera o período que vai da quinta anterior até segunda-feira pós-Black Friday.

Os lojistas, essencialmente, estão em busca de uma recuperação financeira diante do forte impacto causado pela crise econômica mundial em decorrência do surto da covid-19. Já o consumidor, naturalmente, segue ávido por boas oportunidades e descontos chamativos, que valham a pena aproveitar. Sendo assim, há um panorama que pode resultar em expectativas quebradas e frustrações, além de riscos de se deparar com a realidade do “barato que sai caro”.

Seus direitos

Para Eveline de Castro Correia, coordenadora do curso de Direito da Estácio, é necessário ter atenção total na hora de efetuar as compras. “De acordo com o Código de Defesa do Consumidor (artigo 37), “é proibida toda publicidade enganosa ou abusiva”. Em alguns casos, a publicidade deste momento comercial de desconto é enganosa sim, tendo em vista que o comerciante ou prestador de serviço não dá descontos suficientes para justificar a publicidade. É importante que o consumidor fique de olho em tudo”, explica.

“As recomendações são sempre pesquisar muito e comparar preços e produtos. Não é correto ou aconselhável fazer compras por impulso sem antes analisar a qualidade da mercadoria em questão”, detalha Eveline, que faz questão de ressaltar algo importante e que pode ser desconhecido por muitos. “Neste período de pandemia, as compras efetuadas por meio da internet têm prazo de devolução de 90 dias, é bom saber disso”, completa.

Cuidados com o bolso

Abordando o lado econômico da data, Sarlyane Braga, professora de Economia da Estácio, indica que os consumidores devem se organizar para comprar o que realmente precisam nessa época e não estourar o orçamento. “Promoção é algo que seduz os olhos, então, se esse cuidado não for tomado, as pessoas acabam perdendo o controle financeiro. E em janeiro tem compras escolares, o início de ano que pode ser cheio de dívidas para alguns, então, as compras na Black Friday não podem interferir a ponto de prejudicar os compromissos que os consumidores virão a ter no ano seguinte”, afirma.

As principais dicas da professora de Economia são a pesquisa em diferentes lojas (online e física) antes de fechar a compra e a atenção com o limite do cartão de crédito. “É muito frustrante comprar de primeira e depois encontrar o mesmo produto com um desconto ainda maior. Por isso, o recomendado é que os consumidores façam pesquisa de preço, verifiquem os descontos e, se forem comprar no cartão de crédito, que tomem cuidado para comparar o limite que o cartão oferece com a renda atual da pessoa. Se o cartão de crédito não for bem utilizado, pode ser uma armadilha por causa dos parcelamentos”, aconselha a especialista. 

Para os lojistas, Sarlyane lembra que é relevante reconhecer quais produtos podem ser oferecidos na Black Friday com descontos reais, e adverte para que não anunciem as tais promoções enganosas. “Se no dia anterior um produto saía por R$ 2 mil, e no dia seguinte, o lojista cria uma promoção dizendo que o mesmo produto custava R$ 5 mil antes, é uma falsa promoção. Isso pode prejudicar a imagem da empresa e o consumidor atento pode recorrer ao Procon reclamando da fraude. A empresa precisa se programar verificando os seus estoques e optar por promoções justas, para evitar problemas futuros”, alerta.

Crédito da imagem: Paulo Whitaker/Reuters

Suyane Costa