Gravidez: mesmo após abortos recorrentes, gestantes tem até 70% de chances de ter uma gestação tranquila, afirmam especialistas

Gravidez: mesmo após abortos recorrentes, gestantes tem até 70% de chances de ter uma gestação tranquila, afirmam especialistas

Especialistas reforçam que cada gravidez é única e que cuidados simples ajudam aos pais a encarar uma nova tentativa sem intercorrências

Ter uma gravidez interrompida, seja de forma natural ou por fatores externos, causa impacto na vida dos pais. Quando a situação volta a ocorrer para o casal, o efeito chega a ser devastador. Pesquisas mostram que a perda do bebê pode causar estresse pós-traumático, ansiedade e até mesmo depressão. Mas especialistas reforçam que mesmo em casos de abortos recorrentes (que ocorrem mais de uma vez para o mesmo casal) não significa que eles terão problemas na próxima gestação. Dados revelam que, a depender da faixa etária, há até 70% de chances de ocorrer uma gravidez sem intercorrências.

“Sabemos que a perda de um filho ainda em gestação mexe com todo o corpo e a cabeça do casal, mas cada gestação é única. Por isso não dá pra determinar se o que ocorreu antes voltará a ocorrer na próxima tentativa. Não sem um acompanhamento médico, uma avaliação.”, afirma Daniel Diógenes, médico especialista em medicina reprodutiva e diretor da Fertibaby Ceará.

Pesquisas mostram que cerca de 5% das mulheres chegam a sofrer dois abortos seguidos. Esse dado cai para 1% quando são três abortos recorrentes ou mais. “Para abortos recorrentes é preciso um acompanhamento maior, para entender o fator que levou à perda. Podem ser diversos os fatores como alteração no útero, na tireoide, entre outros. Há ainda casos que apenas uma orientação nos hábitos de vida ajudam, como alimentar-se melhor, evitar uso de qualquer tipo de drogas, exposição a agrotóxicos e cuidados no dia a dia”, afirma o médico.

Dados de pesquisa revelam que duas em cada 10 mulheres com até 25 anos de idade tem 25% de chances de sofrerem um aborto natural. “A perda mexe com os pais, mas é preciso entender que o aborto também faz parte do processo natural de uma gestação. É preciso entender que não há culpados. Que a investigação clínica para saber o motivo não quer apontar o dedo para ninguém, mas sim ajudar a evitar que a situação ocorra novamente”, completa o médico.

Ele lembra também que o corpo obedece a um relógio biológico e que é preciso respeitar esse processo. “É preciso entender que quanto mais o casal demorar a tentar novamente a gravidez, as chances também diminuem. É sempre bom estar atento a questão da faixa-etária. Se essa tentativa ocorre até os 35 anos de idade, haverá chances de 60 até 70% de uma gestação tranquila”, conta Diógenes.

A Perda e o sonho
Michele Matte e o esposo encararam dois abortos. O primeiro quando ainda moravam no Rio Grande do Sul, em 2016. O segundo, em 2018, com o casal já em Fortaleza. Do médico, Michele teve a notícia que sofria de trombofilia – tendência ao surgimento de trombose – e ainda estava com uma das trompas fechadas e a outra quase na mesma situação. “Não poderia fazer tratamento hormonal para engravidar. Os médicos desacreditaram que um dia eu poderia ser mãe. E uma notícia dessas mexe com a gente”, conta Michele.

Mesmo contra todas as chances, ela não desistiu do sonho. Aos 38 anos de idade, procurou novamente especialistas em medicina reprodutiva para reavaliar o caso. Após exames criteriosos na Fertibaby Ceará, o casal decidiu por uma nova tentativa, com apoio da fertilização. “Fizemos a pulsão dos óvulos e do sêmen em 30 de junho de 2019 e congelamos. A transferência dos embriões foi realizada em novembro de 2019. Nossa alegria se concretizou quando, 13 dias depois, a gravidez de gêmeos foi confirmada”, lembra ela.

Hoje, os pequenos Murilo e Joaquim têm quatro meses e são a alegria da vida do casal. “Os bebês são super saudáveis. A gente não pode desistir dos nossos sonhos. Muitos médicos disseram que eu não podia ser mãe, mas eu me apeguei muito na fé e tive uma força muito grande de Deus. Foi um amadurecimento pessoal muito grande para meu marido e eu. Agora, olhar para eles, tê-los nos braços é uma alegria indescritível”, diz Michele.  

Suyane Costa