Idealizado na pandemia, projeto musical “Naquele Tempo” reúne artistas cearenses para a produção do primeiro EP
“Tudo já aconteceu”, que contou com mixagem e masterização de Régis Damasceno. 100% do valor arrecadado pela execução via streaming será doado para a instituição Casa Bate Palmas, do Jangurussu
Um projeto musical solitário que surgiu despretensiosamente no meio da pandemia, mas que, com o tempo, acabou reunindo outros artistas e parceiros. Em comum, todos buscavam formas possíveis de criar uma experiência sonora catártica e envolvente, sem abrir mão do contexto social e político em que o País – e a nossa cidade – está passando neste momento. O resultado dessa junção de ideias pode ser conferido no primeiro EP do grupo, intitulado “Tudo já aconteceu”, lançado no último dia 30 de abril, nas principais plataformas digitais.
A produção do EP começou em 2020, durante lockdown, logo após Diego César voltar para o Brasil após uma temporada na Ilha de Santiago, em Cabo Verde. Durante os dias “isolado e afastado”, decidiu reunir vários fragmentos de ideias de músicas e arranjos que ele já havia feito anteriormente, além de explorar outras experiências e aprender coisas novas, como compor e fazer arranjos de baixo, por exemplo. “Fiquei completamente sozinho durante muitos meses, por isso costumo brincar que esse EP salvou a minha vida. Foi a primeira vez que eu produzi um disco inteiro e escrevi todos os arranjos, toquei praticamente todos os instrumentos, escrevi as letras e gravei as vozes”, explica Diego.
O artista destaca que a gravação de “Tudo já aconteceu” foi feita com a colaboração de grandes amigos, como Diego Barros, na pré-produção e edição, Rami Freitas, que fez toda a captação, e o Zé George, que gravou todas as baterias em apenas um dia. O projeto contou ainda com a participação de Régis Damasceno, que topou fazer toda a mixagem do EP, e Letícia Cacau, que entrou na banda como vocalista e ainda colaborou com o poema de “Olho do Sol”.
A inspiração para as canções de “Tudo já aconteceu” não poderia ser mais plural. O EP, assim, flerta com a MPB da primeira metade do século XX, como o samba, o choro e o baião, ao mesmo tempo em que explora o rock psicodélico dos anos de 1960 e o progressivo, da década de 1970. As referências, entre românticos e radicais, estão Noel Rosa, Nelson Gonçalves, Tom Zé, Cartola, Originais do Samba, Baden Powell, Beatles, Yngvie Malmsteen, Jimi Hendrix, King Crimson e Radiohead.
“Gostamos de chamar essa mistura de POST MPB, pois nos permite nos expor a cadências clássicas como pano de fundo para misturar o passado e o futuro e criar um samba para o nosso tempo, ou até mesmo um novo jeito de chorar de amor e rebolar os quadris sem ser careta”, destaca Diego César.
Manifesto
Paralelamente ao EP, a banda “Naquele Tempo” lançou ainda um manifesto (leia aqui na íntegra), voltado para os artistas independentes do mundo inteiro. A ideia é pensar e desenvolver iniciativas concretas de impacto social por meio da arte. Nesse sentido, todo o valor arrecadado pela reprodução das músicas de “Tudo já aconteceu” nos serviços de streaming será destinado para a “Casa Bate Palmas”, instituição que trabalha com ações inclusivas de arte e cultura para crianças, jovens, mulheres, LGBTQS e a população em geral do Conjunto Palmeiras, no Grande Jangurussu, área que possui um dos menores índices de IDH de Fortaleza.
“Na busca desse novo significado, nos deparamos com o cenário de fragilidade humana gerada pela desigualdade social e agravada seriamente pelo contexto pandêmico. Decidimos direcionar 100% do valor arrecadado pela execução das nossas músicas nos serviços de streaming para essa instituição como forma de proporcionar melhoria de vida às pessoas afetadas pela vulnerabilidade social em nossa cidade. E faço um convite para que outros artistas também pensem em alternativas semelhantes”, pontua Diego César.
Naquele Tempo é:
Diego César – Guitarra / Voz
Leticia Cacau – Voz
Diego Barros – Guitarra
Jones Xavier – Baixo
Zé George – Bateria
Rami Freitas – Técnico de áudio / Captação
Ficha técnica – “Tudo já aconteceu”
Diego César: Produção musical, Arranjos, Guitarras, Baixos e Vozes
Leticia Cacau: Vozes
Zé George: Bateria
Rami Freitas: Captação
Diego Barros: Edição
Régis Damasceno: Mixagem e Masterização
Produção executiva e produção fonográfica: Ana Carol Azeredo
Distribuição: Tratore
Gravado entre agosto e novembro de 2020, na sede do Grupo Formosura de Teatro, Darkside Studio e no Radical Studio, localizado na praia na Caponga, litoral do Ceará.
SERVIÇO
EP “Tudo já aconteceu” – Naquele Tempo
Onde ouvir: https://tratore.ffm.to/tudojaaconteceu
Saiba mais: Instagram @naqueletemp0