Lesões por esforços repetitivos incapacitam milhares de pessoas
LER/DORT: Fisioterapeuta dá dicas para prevenir estas doenças ocupacionais
Na última quarta-feira (27), foi celebrado o Dia Nacional da Prevenção de Acidentes do Trabalho, a data marca a necessidade de melhor gerenciamento por parte das empresas sobre os riscos e a vigilância da saúde de seus trabalhadores. Entre as principais causas de incapacitação de milhares de pessoas todo ano estão as Lesões por Esforços Repetitivos (LER) e os Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (DORT), que provocam um alto número de afastamentos do trabalho.
A fisioterapeuta Ana Fraga, professora do curso de Fisioterapia da Estácio, assegura que é possível preveni-las e explica:
– As LER são afeções do sistema músculo esquelético que apresentam sinais clínicos que variam sua intensidade. Não são consideradas uma doença, apenas uma lesão por esforço repetitivo, o que nos deixa aptos a melhorar nossas condições de trabalho para que elas não se desenvolvam ou até mesmo para que possamos nos prevenir e evitar que ocorram.
Ana Fraga esclarece que o termo DORT foi criado para substituir LER, pois a maioria dos trabalhadores com esses sintomas clínicos não apresenta evidência de lesão em qualquer estrutura; e ainda porque, além do esforço repetitivo, existem outros tipos de sobrecarga no trabalho que podem prejudicar os trabalhadores, como excesso de força, vibração excessiva de algum objeto de trabalho e as posturas inadequadas para a execução das tarefas.
– Existem alguns distúrbios mais comuns como tendinites, que podem se desenvolver em vários locais, entre eles ombro, cotovelo e punho; as lombalgias, que são dores na região lombar; e as mialgias que são dores musculares em diversas regiões do corpo, enumera.
De acordo com a fisioterapeuta, nem toda pessoa que sente dor está com LER ou DORT, pois existem muitas patologias que geram sintomas como dormência, inchaço, cansaço, pontadas, agulhadas, e compreendem outros tipos de distúrbios. Daí a necessidade da procurar um especialista (reumatologista) a fim de obter o diagnóstico correto e traçar uma estratégia de tratamento adequada.
– Quando a pessoa é encaminhada para a fisioterapia, o profissional dessa área não tem apenas a função de tratar a LER/DORT quando já instalada, mas de informar e orientar o trabalhador a exercer suas tarefas da forma correta e segura e a manter uma postura adequada nas tarefas domiciliares ou no trabalho.
Como criar um ambiente de trabalho seguro
A professora do curso de Fisioterapia da Estácio afirma que é necessário conhecer a rotina do trabalhador, saber o tipo de atividade, o tempo que leva para realizá-la, as horas de descanso, o controle do local (como iluminação, temperatura, equipamento).
– As LER ou DORT podem ser evitadas proporcionando um ambiente de trabalho adequado, com horários de descanso flexíveis, equipamentos adequados ergonomicamente e promoção de ginásticas laborais. A necessidade da melhora da condição de vida é um benefício para todos: empregador e empregado. Um profissional bem treinado e orientado jamais irá desenvolver esses sintomas, adverte.
Ana Fraga salienta que normalmente as pessoas que desenvolvem LER/DORT costumam ter picos de seus sintomas ao final do dia ou em horários de mais intensidade no trabalho. Esses sintomas também podem ser exacerbados quando são realizados determinados movimentos e por isso é necessário observar o momento desses picos e quando os sintomas estão mais intensos.
– Sobretudo, devemos ter conhecimento do nosso corpo e perceber os sinais de alerta para qualquer tipo de patologia. Além disso, devemos nos conscientizar que a prevenção ainda é o melhor “remédio” e que, com isso, conseguimos evitar que determinadas patologias se instalem e venham a desenvolver maiores prejuízos em nosso organismo.
As dicas da fisioterapeuta para os trabalhadores são:
– Pausar as tarefas e fazer alongamentos nos períodos que não prejudiquem sua produção;
– Trocar de tarefas ao longo do dia, evitando assim os esforços repetitivos;
– Fazer pausas de 15 a 20 minutos a cada três horas, a fim de poupar os músculos e tendões;
– Ingerir líquidos para que todas as estruturas corporais sejam bem hidratadas, o que diminui o risco de lesões.