Mestres do Teatro de Bonecos se apresentam no X Encontro Sesc Povos do Mar
Presente em todo o Nordeste, o Teatro Popular de Bonecos é titulado como um patrimônio cultural imaterial. No Ceará,o Serviço Social do Comércio (Sesc), com apoio do Sistema Fecomércio, é um dos incentivadores dessa tradição, ainda presente em diversas localidades. Todos os anos os bonequeiros são incluídos no Encontro Sesc Povos do Mar, compondo no Eixo Cantos, Danças e Brincadeiras, o mosaico de manifestações culturais do Estado.
Em 2020, na décima edição do encontro, a rede comunitária criada pelo Sesc realiza, dentro da programação virtual, o Festival Calungas, Cassimiros e Mamulengos, circuito voltado a reativação, intercâmbio, desenvolvimento e difusão dessa arte. Dias 8 e 9 de dezembro, no canal do Sesc no Youtube serão transmitidas direto do Sesc Iparana Hotel Ecológico sete apresentações ao vivo de mestres da cultura, brincantes e companhias teatrais de Aracati, Icapuí, Fortaleza, Trairi, Banabuiú e Pedra Branca.
Entre as atrações do Festival estão os bonecos gigantes de Mestre Hélio Santos; as Calungas do Cumbe; o espetáculo do Grupo Ânima e a apresentação da família de calungueiros de Icapuí: Mestre Gilberto, seu filho Marquinhos e neto Miguel. Mestre Vanderlei das Laranjeiras e Vanderson Oliveira virão de Banabuiú; o Mestre Chico Bento de sua comunidade no Trairi e o Mestre Cheirinho de Aracati.
Uma família de calungueiros
Em Icapuí, três gerações de uma família levam adiante a brincadeira de dar vida e voz às calungas, os títeres de madeira presentes no Teatro de Bonecos nordestino
Ainda na década de 1940, aos cinco anos de idade, Gilberto Ferreira de Araújo viu pela primeira vez em sua comunidade uma calunga ganhar vida dentro da empanada, como é popularmente chamado o cenário que rodeia os bonecos. Resolveu aprender o ofício e, depois de adulto, passou a viajar para se apresentar com Baltasar, seu personagem mais antigo, confeccionado em 1978.
Gilberto criou novas calungas como Zé Grilo, Capitão João Redondo, Cassimiro Coco, Filomena, Maria Quitéria, Vaca Corina, e tantos outros que encantavam as crianças, como o seu próprio filho, Marcos Antônio, o único dos sete irmãos que seguiu a vocação. Hoje, aos 42 anos, Marquinhos Calungueiro lembra que pegava os bonecos escondido, porque havia um mistério que intrigava a imaginação do público. “Ele jamais mostrava o boneco para não revelar o segredo, porque as pessoas achavam que o boneco era vivo”, lembra ele.
Vendo a arte de seu pai, aprendeu a criar as vozes e manusear as calungas e passou a se apresentar pelas cidades vizinhas. Atualmente, ele ensina seu filho Miguel Valente Araújo, de sete anos, que vai criando as próprias histórias para se tornar Miguel Calungueiro, a terceira geração de artistas da família.
“A cultura é o berço da humanidade, ensina a ser uma pessoa boa”, é o que defende Marquinhos Calungueiro. Por isso eles foram transformando as histórias antigas para trazer mensagens de tolerância e respeito, principalmente ao povo negro. “É muito gratificante que meu filho está prosseguindo, porque um dia nós vamos e deixamos a cultura com outras pessoas. Eu continuei a arte do meu pai e meu filho está continuando a minha”, orgulha-se. Os três se apresentam juntos no dia 8 de dezembro, ao vivo às 14h, com transmissão pelo canal do Sesc Ceará no Youtube.
Sobre o Povos do Mar
Há dez anos, a Rede Sesc Povos do Mar foi fundada com a participação de três grupos específicos: os moradores do entorno do Sesc Iparana Hotel Ecológico, pessoas conhecedoras da fitoterapia popular, que ensinaram a produção de lambedores, do óleo de coco, infusões com raízes, colorau, entre outros produtos naturais. Também faziam parte os grupos da dança do Coco no Pecém e Iguape, pioneiros de uma rede específica no Povos do Mar da qual participam hoje 15 coletivos. Além destes, os barqueiros estavam presentes marcando a relevância histórica da região da Barra do Ceará.
Atualmente, mais de duzentas comunidades litorâneas de 25 municípios integram o encontro, composto por cinco eixos: Meio Ambiente e Sustentabilidade; Cantos, Danças e Brincadeiras; Dragões do Mar, Feito à Mão e Saberes, Sabores e Saúde. São rendeiras, jangadeiros, barqueiros, marisqueiras, canoeiros, pescadores, mestres da cultura, brincantes de maracatus, reisados, mestres do Teatro de Bonecos que compartilham seus saberes e experiências. Neste ano a programação será transmitida pelas redes sociais e canal do Sesc Ceará no Youtube de 6 a 11 de dezembro.
Serviço
Encontro X Encontro Sesc Povos do Mar – Festival Calungas, Cassimiros e Mamulengos
Data: 8 e 9 de dezembro
Apresentações ao vivo pelo canal do Sesc Ceará no Youtube
8/12
Horário: 15h
Bonecos do Mestre Hélio Santos – Aracati
8/12
Horário: 14h45
Calungas do Cumbe
8/12
Horário: 14h
Participação de Mestre Gilberto Calungueiro (Icapuí) , Marquinhos Calungueiro (Icapuí) , Miguel Calungueiro (Icapuí)
8/12
Horário: 10h30
Paisagens Sonoras: em busca das musicalidades das Calungas e Mamulengos. Mestre Bigode de Pedra Branca, Mestre Gilberto Calungueiro (Icapuí) , Marquinhos Calungueiro (Icapuí) , Miguel Calungueiro (Icapuí), Grupo nima (Fortaleza), Mestre Cheirinho e Calungas do Cumbe (Aracati), Bonecos do Mestre Hélio Santos (Aracati), Mestre Chico Bento (Trairi), Vanderlei das Laranjeiras e Vanderson Oliveira (Banabuiú)
9/12
Horário: 14h30
Mestre Vanderley das Laranjeiras e Vanderson Oliveira
9/12
Horário: 14h
Grupo Anima – Fortaleza
9/12
Horário: 11h
Mestre Chico Bento – Trairi