Tratamentos oftalmológicos impedidos pela pandemia refletem na saúde dos olhos; oftalmologista afirma preocupação
Segundo CFM, a oftalmologia foi a especialidade, dentre as monitoradas, que registrou a maior queda de atendimentos entre 2019 e 2020
De acordo com o monitoramento realizado pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), dentre as especialidades analisadas, a oftalmologia foi a que registrou a maior queda de atendimentos – 34% – entre os anos de 2019 e 2020, quando a pandemia da Covid-19 chegou ao Brasil. Até a chegada em massa da vacinação contra o coronavírus, a sensação de desconforto em visitar hospitais e clínicas se instaurou na população.
Ainda segundo o CFM, as consultas, exames de mapeamento de retina e aferição da pressão intraocular, alguns dos procedimentos mais realizados entre o meio oftalmológico, caíram de 18,5 milhões para 12,2 milhões no período citado. É nesse contexto que especialistas afirmam a preocupação com a saúde ocular da população.
Para Ângelo Porto, oftalmologista e membro do corpo médico da Clínica de Olhos Massilon Vasconcelos, o preterimento de cuidados com os olhos prejudicaram pacientes que possuíam ou desenvolveram, durante o período de maior incidência do vírus, acometimentos oculares.
“A saúde ocular é um assunto delicado e que exige atenção redobrada, porque muitas doenças são silenciosas, como a catarata e o glaucoma”, diz o médico.
Essas e outras doenças, mais comuns a determinadas faixas etárias, necessitam que o diagnóstico seja precoce para que o tratamento seja feito o mais cedo possível, a fim de garantir boa recuperação e qualidade de vida.
“O que precisamos ressaltar sempre como classe médica é a visita oftalmológica regular”, diz Porto, “pelo menos uma vez ao ano e, caso o especialista detecte alguma enfermidade, a ida periódica de acordo com a necessidade do tratamento”.
Outro alerta feito pelo oftalmologista é o cuidado com a saúde ocular das crianças. “A começar pela realização do Teste do Olhinho, que, geralmente, é feito na própria maternidade para a detecção de alguma patologia ocular congênita”, afirma, “nós podemos ainda citar que as crianças, especialmente em fase, precisam de acompanhamento para saber se a visão está se desenvolvendo normalmente”, alerta o oftalmologista.
O uso constante de telas também deve ser regrado para a conservação e melhora da saúde dos olhos. Segundo Porto, “a luz azul causa fadiga ocular, por isso são imprescindíveis as pausas e hidratações, seja pelo piscar natural dos olhos ou mesmo o uso de colírios hidratantes, que devem ser indicados por médicos”.
Outros cuidados
“Nunca é demais alertar para alguns hábitos que fazem bem, não só aos olhos, mas a todo o corpo, bem como buscar uma alimentação saudável e repleta de nutrientes, a prática de exercícios físicos, o uso de óculos e protetores contra os raios solares, evitar o uso indiscriminado de medicamentos e mesmo a prevenção de traumas oculares”, afirma o oftalmologista.