Violência de gênero aumenta durante o isolamento social; professora da Unifametro explica como denunciar
Em março de 2020, a pandemia de Covid-19 trouxe, além do vírus, o confinamento social como medida preventiva. Contudo, mulheres de diversas idades e classes sociais se viram confinadas em casa com parceiros agressivos. Com isso, a violência de gênero se tornou destaque em vários lugares do mundo. No Brasil, de acordo com dados do Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos, o aumento das denúncias foi de 9% (dados de março de 2020).
Além disso, o Fórum Brasileiro de Segurança Pública apontou, a partir de uma pesquisa realizada na rede social Twitter, que os relatos de brigas de casal com indícios de violência doméstica aumentaram em quatro vezes entre fevereiro e abril de 2020. Para Lívia Cavalcante, professora de Psicologia Jurídica do curso de Direito da Unifametro, é preciso reforçar que a violência doméstica não é causada pelo isolamento social, e sim intensificada.
“É importante compreendermos que o fenômeno da violência doméstica é complexo e que não é algo que vem do isolamento social, mas é intensificado por ele. Os dados do Mapa da Violência de 2018 e 2019 já apontam isso. Segundo esses documentos, no Brasil, a cada 17 minutos uma mulher é agredida fisicamente e, de acordo com uma matéria do Jornal o Globo, em cada 3 vítimas de feminicídio no Brasil 2 foram mortas em casa”, revela Lívia Cavalcante.
É relevante pontuar, ainda, que a violência contra a mulher não se configura apenas como violência física, além desta, existe a violência psicológica, violência moral, violência sexual e violência patrimonial. Com o confinamento, as mulheres são obrigadas a conviver com seus agressores por mais tempo, assim, as tensões podem aumentar e, além disso, pode haver uma fragilização na rede de apoio dessas mulheres e uma maior dificuldade de acesso às políticas públicas de proteção.
Nesse contexto, é importante salientar que as denúncias podem salvar vidas. Por isso, se ouvir choro, gritaria ou pancadas, os vizinhos devem denunciar. Lívia Cavalcante explica que, no Ceará, o Centro de Referência e Apoio à Mulher (Ceram), está promovendo atendimento durante a quarentena.
“Funcionando na Casa da Mulher Brasileira, o Ceram conta com equipe de psicóloga, assistente social e advogada que atendem remotamente 24h por dia. As denúncias podem ser feitas ligando para o 180, e aqui no Ceará também contamos com outros canais de apoio, como a Defensoria Pública, com o próprio NUDEM aqui em Fortaleza, o Ministério Público e a Delegacia de Defesa da Mulher”, explica a professora da Unifametro.
Para entrar em contato com o Ceram, as mulheres devem ligar para o (85) 3108.2966 ou (88) 9 9935.5102. Em Fortaleza, o Nudem atende de modo remoto, através dos telefones: (85) 99763.4909 (whatsapp) e (85) 98712.5180 (whatsapp), (85) 98971-8060 / 98579-9178, e do e-mail nudem@defensoria.ce.def.br. Para quem quiser fazer denúncias, além do número 180, está disponível o atendimento 24h da Delegacia da Mulher no número (85) 3108.2950.
Atendimento odontológico
Em parceria com o Tribunal de Justiça do Ceará, o curso de Odontologia da Unifametro realiza atendimentos odontológicos para mulheres vítimas de violência doméstica. O objetivo é atender mulheres que foram agredidas na região da face e oferecer um tratamento odontológico da qualidade. A triagem para os atendimentos é realizada pelo Juizado da Mulher de Fortaleza. No momento, devido à pandemia, os atendimentos estão pausados.