BNB destina R$ 18 milhões a projetos familiares de cultivo sustentável

BNB destina R$ 18 milhões a projetos familiares de cultivo sustentável

No Ceará, o Banco do Nordeste financiou R$ 1,6 milhão para projetos agroflorestais. Ao todo, 61 iniciativas no estado receberam por meio das linhas de crédito Floresta, Agroecologia e Bioeconomia, do Pronaf

“Aqui não temos poços, não temos riachos, não temos cacimbas. Aqui é a água que Deus manda”. O relato do agricultor Vilmar Lermen, no município de Exu, no sertão pernambucano, poderia ser o início de uma história de tristeza e sofrimento. Mas logo se vê que é um exemplo de que com técnica e apoio financeiro é possível mudar a realidade de uma comunidade inteira. O empreendimento de Vilmar é um dos muitos projetos de cultivo sustentável que são apoiados pelas linhas de crédito do Banco do Nordeste. Em 2021, foram financiados R$ 18,2 milhões com recursos do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) em 490 projetos pelas linhas Floresta, Agroecologia e Bioeconomia.

No Ceará, 48 operações captaram R$ 1,2 milhão na linha Pronaf Floresta. Já a linha Agroecologia liberou R$ 35 mil para um projeto e a linha Bioeconomia, R$ 317 mil em 12 projetos. Em todo o estado, as linhas somaram R$ 1,6 milhão.
 
Vilmar e sua família trabalham com sistema de produção agroflorestal em que várias espécies de plantas e animais convivem em harmonia, produzindo alimentos sem agredir o meio ambiente. Hoje, a propriedade familiar na Serra dos Paus Dóias cultiva feijão, milho e outras 200 espécies de plantas, além de processarem e comercializarem produtos como tintura, lambedor, farinhas de cascas e frutos, condimentos alimentícios e matéria prima para cosméticos, produtos de limpeza e bebidas.

Em uma região em que não havia água disponível nem energia elétrica, a transformação veio com o financiamento do Banco do Nordeste. “Em 2009, nós iniciamos a construção do projeto pelo Pronaf Agroecologia para ter acesso ao crédito. Assim, construímos uma cisterna de 76 mil litros para dar autonomia à produção e adquirimos outras tecnologias, como uso de abelhas, mudas, palmas e adubo orgânico. No começo de 2013, com novo financiamento fizemos outra cisterna e outros cultivos”, afirma Vilmar Lermen.

O empreendimento de Exu recebeu, em 2021, o prêmio do Banco do Nordeste de Agricultura Familiar na categoria Sustentabilidade e foi um dos exemplos apresentados no XII Congresso Brasileiro de Sistemas Agroflorestais (XII CBSAF), que ocorreu em dezembro, em São Paulo.

Assim como a família Lermen, muitas propriedades rurais no Nordeste estão buscando financiamento para transformar seus negócios em agricultura sustentável sem degradar as reservas naturais.

Suyane Costa