“Grávidas devem evitar confraternizações de fim de ano”, alertam especialistas

“Grávidas devem evitar confraternizações de fim de ano”, alertam especialistas

As reuniões, até mesmo em família, devem ser adiadas, pois existem indicações científicas que as gestantes podem sofrer complicações em razão da contaminação pela Covid-19

O conturbado ano de 2020 está terminando e as tão esperadas festas de Natal e Ano Novo terão uma cara nova. A chegada de 2021 não poderá ser comemorada em  reuniões cheias de abraços, em razão da pandemia da Covid-19. Para além do cumprimento do decreto do governo do Ceará, as famílias que têm mulheres grávidas devem redobrar os cuidados na hora de se aglomerar em volta delas. As gestantes fazem parte de um grupo de risco determinado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e podem sofrer complicações, em razão de sua condição.

O Ministério da Saúde normatizou que grávidas, puérperas, mulheres após aborto e perda fetal devem ser priorizadas para testagem e atendimentos. O especialista em medicina reprodutiva e diretor da clínica Fertibaby Ceará, Daniel Diógenes, afirma que as mudanças que acontecem no corpo da mulher para gestar um bebê podem acabar tornando-a mais suscetível às complicações, por isso o contato com o vírus deve ser evitado ao máximo.

 “Claro que toda família que tem uma grávida quer abraçá-la e contemplar esse momento tão bonito da vida da mulher, mas neste cenário de pandemia devemos evitar esses contatos mais íntimos. A gravidez pode afetar o sistema de defesa da mulher e deixá-la mais suscetível. Durante a gestação, o útero vai tomando mais espaço e os pulmões reduzem sua capacidade de expansão. O esforço é maior e a capacidade pulmonar menor. Além disso, o gasto cardíaco aumenta, porque o coração trabalha por dois, sobretudo no último trimestre da gravidez”, esclarece o especialista.

Daniel Diógenes explica que, apesar de surgirem convites para confraternizar, o momento deve ser de recolhimento para as futuras mães. “Essa virada de ano vai ser diferente, mas vai passar. Os abraços virão em um futuro breve. Porém, neste momento, temos evidências científicas sendo estudadas e precisamos que tanto as grávidas, quanto as famílias delas entendam que esse devem participar de reuniões. Não se deve alarmar, mas sim dizer a elas que não se arrisquem”, afirma o médico.

Transmissão

Conforme a OMS, ainda não há comprovações de que a Covid-19 possa ser transmitida da mãe para o feto ou para o bebê, durante a gravidez ou o parto. Por enquanto, o vírus não foi encontrado em amostras do líquido amniótico, nem no leite materno. No entanto, o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos publicou um estudo que indica que as grávidas têm riscos maiores de sofrer complicações em relação à Covid, quando comparadas às mulheres da mesma faixa-etária não gestantes.  

A médica Romana Novais, casada com o DJ Alok, foi uma das gestantes que teve complicações causadas pelo vírus.  O casal precisou antecipar o nascimento da filha Raika, após Romana testar positivo para o coronavírus e apresentar sintomas que comprometiam a continuidade da gestação.  A gravidez da médica havia sido tornada pública em julho, mas a bebê nasceu, no último dia 3 de dezembro, após um trabalho de parto prematuro.

“Devido a uma complicação da Covid, entrei em trabalho de parto prematuro. A Raika nasceu de parto natural. Tudo aconteceu muito rápido e graças a Deus ela nasceu muito bem. Nós duas estamos bem assistidas e em oração para uma boa recuperação. Nem tudo acontece como planejamos e os planos de Deus são sempre maiores e melhores que os nossos. Obg por todas orações e carinho de cada um de vocês”, afirmou Romana Novais em sua conta no Instagram.

Boletim

·        Conforme um estudo publicado pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos, foram notificadas 34 mortes (1,5 por 1.000 casos) entre 23.434 mulheres grávidas sintomáticas; e 447 (1,2 por 1.000 casos) entre 386.028 mulheres não grávidas. O estudo aponta para um aumento de 70% no risco de morte associado à gestação

  • As recomendações de prevenção do vírus da OMS para as grávidas são as mesmas do público geral:  limpar constantemente as mãos com álcool em gel ou água e sabão; manter um espaço seguro entre você e as outras pessoas; evitar tocar os olhos, nariz e boca; cobrir a boca e o nariz com o cotovelo dobrado quando tossir ou espirrar. Se a gestante tiver febre, tosse ou dificuldade para respirar deve procurar assistência médica.
  • Os sintomas mais comuns da COVID-19 são febre, cansaço e tosse seca. Alguns pacientes podem apresentar congestão nasal, dor de cabeça, conjuntivite, dor de garganta, diarreia, perda de paladar ou olfato, erupção cutânea na pele ou descoloração dos dedos das mãos ou dos pés. Esses sintomas, geralmente, começam gradualmente.
  • Segundo números divulgados, no último dia 11 de dezembro, pela Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), foram confirmados no mundo 69.143.017 casos de Covid-19 e 1.576.516 mortes. Na Região das Américas, 29.467.378 casos confirmados. Destes, 766.717 resultaram em morte e 18.163.379 pessoas infectadas pelo novo coronavírus se recuperaram.

Suyane Costa