Livro sobre o último cinema de bairro do Brasil será lançado em live
Na próxima sexta-feira (10), o livro Cine Nazaré – Um Cinema Vivo – será lançando virtualmente, às 16h. O livro foi trabalho de conclusão de curso da jornalista Julia Ionele, na Universidade Federal do Ceará, e será publicado pelo Inesp – Instituto de Estudos e Pesquisas sobre o desenvolvimento do Ceará.
O livro conta a trajetória do último cinema de bairro do Brasil, que está localizado no Otávio Bonfim, e é sobrevivente de um momento da trajetória cinematográfica que já não existe mais.
O Cine Nazaré abriu as portas no ano de 1941, em 76 anos de funcionamento, foi palco de muitos romances, histórias e lembranças de uma Fortaleza antiga. O Cine Nazaré é resistência ao período da ditadura militar, ao avanço da tecnologia e da nova forma da organização social. Ele resiste no mesmo lugar, na Rua Padre Graça, no número 65. O espaço é uma saleta cinematográfica com capacidade para oitenta pessoas, os filmes são projetados com retroprojetores da forma antiga e os clássicos em preto e branco que já não se encontra em quase nenhum acervo da capital.
A produção narra os 79 anos da história do Cine Nazaré, relatando a vida de Raimundo Carneiro de Araújo, o seu Vavá, responsável por manter o cinema vivo até os dias atuais e por conservar todo o maquinário da década de 20 e 30, além do acervo de duas mil películas, títulos que já não são encontrados em nenhum lugar, como: O Ébrio, Dio como te amo, Carmen Miranda. O cinema do bairro Otávio Bonfim é um acervo vivo películas do século passado.
O avanço da desvalorização do cinema fortalezense reflete não apenas em perdas audiovisuais, mas afetivas e identitárias. Por isso, a importância de recuperar o cinema como instrumento de identidade cultural. A reflexão sobre o cinema permite que a comunidade seja levada a pensar nele como espaço de resistência e memória.
O livro está estruturado em quatro capítulos, cada um retratando diferentes fases da vida do cinema na capital cearense e no contexto do bairro do Otávio Bonfim. O capítulo um, denominado “Nasce o Cine Nazaré”, traz informações da construção do cinema e dos primeiros anos de funcionamento. O capítulo dois, que recebe o nome “A reabertura do Nazaré”, traz a segunda fase do cinema, no final dos anos 60 e a forma de organização dele. O terceiro, “Cine Nazaré é resistência”, busca trazer a reabertura do cinema nos anos 2000 e a nova forma de funcionamento. Já a última parte do livro, denominada “Cine Nazaré vive”, procura trazer explicações do que será o Cine Nazaré nos próximos anos. Julia destaca a importância de retratar o Cine Nazaré:
“Eu queria passar pela graduação deixando para as pessoas uma boa história que elas pudessem passar adiante, eu queria mostrar a importância de fazer jornalismo para as pessoas e o Cine Nazaré foi à concretização do sonho de fazer um jornalismo comunitário. O Cine Nazaré vive e por isso, a necessidade de retratá-lo dando oportunidade para que as próximas gerações conheçam a história de um homem que lutou para que a história do Cinema não fosse perdida. O Cine Nazaré vive.”
Para o diretor executivo do INESP, João Milton Cunha, a publicação engrandece o parlamento: “Assessorar a Assembleia Legislativa por meio de pesquisas, monitoramento e acompanhamento das políticas públicas do Estado é um dos principais eixos de trabalho do Inesp, órgão técnico e científico da Casa. É papel do Instituto publicar obras, estudos e pesquisas de temas necessários ao desempenho parlamentar, e garantir apoio cultural a esta Casa Legislativa ,” afirma.
O livro foi orientado pelo professor e mestre da Universidade Federal do Ceará, Ronaldo Salgado, o precursor da Revista Entrevista e orientador do livro Cine Diogo – O cinema azul.