Nheengari Sambokar, coral com 35 crianças indígenas, se apresenta no Seminário “Desnaturada – Cultura & Natureza no próximo domingo (27)
No próximo domingo (27), a partir das 19h, um coral formado por crianças indígenas da aldeia Jenipapo-Kanindé, em Aquiraz, irá se apresentar no encerramento do Seminário “Desnaturada – Cultura & Natureza”, promovido pela Secretaria da Cultura do Estado do Ceará em parceria com o Instituto Dragão do Mar e o Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura, que teve início nesta sexta-feira (25). A programação inclui rodas de conversa, exibição de filme, exposição e apresentações culturais.
As crianças são alunas da Tapera das Artes, Organização Social da Sociedade Civil de Aquiraz, e participam do Programa de Musicalização desenhados especificamente para crianças das comunidades tradicionais, incluindo indígenas e quilombolas. Nessas aulas, os estudantes aprendem sobre luteria (confecção de instrumentos), percussão e canto-coral, além de serem estimulados a comporem suas próprias músicas.
As atividades realizadas pela Tapera das Artes nessa região acontecem em parceria com a Associação das Mulheres Indígenas Jenipapo Kanindé (AMIJK), tendo à frente Glaubiana Alves. A ação também tem o apoio da Escola Indígena, dirigida por Carline Alves. Juntos, coordenam e monitoram as atividades de produção local do projeto com as crianças do coral, intitulado Nheengari Sambokar, que significa “canto livre”.
A tribo é de etnia Jenipapo-Kanindé, originária dos povos Payaku, sob a liderança da Cacique Pequena, que passou o Cacicado para sua filha, Cacique Ire, uma jovem atuante, que se destaca pelas lutas a favor dos direitos de seu povo. No local, que fica em Aquiraz, nos arredores da Lagoa Encantada, residem 130 famílias, totalizando 479 pessoas. Trata-se de um povo indígena urbanizado, mas que busca nas suas origens a redescoberta da prática dos rituais e das danças tradicionais de sua etnia, tal como se verifica com a dança do Toré, considerada um grande símbolo de resistência e forte tradição entre os povos indígenas das regiões do Nordeste brasileiro e do estado de Minas Gerais.
“Fico muito feliz e grato pela oportunidade de ter participado como educador, e como aprendiz nesse programa Tapera das Artes de Cultura, que mudou a minha visão sobre educação, música e a vida”, declara Antônio Aramins, regente do coral.
“A Tapera é uma porta de entrada para as crianças e adolescentes sonharem com o aparentemente impossível, desbravarem matas virgens e serem o que quiser. Através do processo de musicalização, conseguimos melhorar o comportamento do aluno, trabalhando conceitos importantes como respeito, empatia, dedicação e autoestima”, explica Magno Miranda, presidente da Tapera das Artes. “Se engana quem acredita ser a Tapera uma instituição que ensina música. Tenho muito orgulho de dizer que somos uma escola da vida, os instrumentos são meios para se aprender a ver a vida com os olhos do coração, e dessa forma semear o amor através da arte. A proposta é viajar para dentro de si e se conectar com o universo do outro, é construir pontes ao invés de muros, é entender o mundo e transformá-lo em um lugar melhor com a ajuda da melodia, dos sons e das notas musicais”, complementa Ritelza Cabral, presidente do Conselho Gestor da Tapera das Artes.
Sobre a Tapera das Artes
Completando em 2023 seus 40 anos de existência, a instituição Tapera das Artes é uma escola de vida, trazendo a música como ferramenta de cidadania e empoderamento de crianças e adolescentes. Oferece na sua grade curricular pedagógica 12 modalidades de ateliês de música, para público de 1.500 crianças em programa prioritariamente voltado para estudantes de escolas públicas, proveniente de famílias de baixa renda.