“O momento atual exige confiança da população em relação à classe médica”, diz coordenador médico do Hospital São Camilo Fortaleza
O coordenador médico das UTI’s do Hospital São Camilo Fortaleza, Mozart Rolim, chama a atenção da população para a situação extraordinária que está sendo vivenciada, pedindo que haja confiança das pessoas em relação à classe médica, para que as medidas de prevenção sejam seguidas à risca em relação à pandemia de Covid-19.
Apesar de ser compreensível a preocupação com o menor sintoma que surja, é importante lembrar, segundo o médico, que o principal comportamento neste momento é o isolamento social. “Está havendo um consumo exagerado de máscaras cirúrgicas, mas nos ambientes familiares elas não são necessárias, a menos que seja para pessoas que estão com algum sintoma. Em relação aos testes, estes são destinados apenas para pessoas de maior risco, para não faltar insumo para quem mais precisa”, ressalta.
Públicos de risco
Mozart Rolim ressalta que os idosos formam o grupo de maior risco, bem como pessoas de qualquer idade com diabetes, pneumopatias, cardiopatias, ou que fazem tratamento oncológico. Entre os idosos, a mortalidade chega a 15% em pacientes acima de 80 anos.
Mulheres grávidas não estão no grupo de risco, pois os dados mostram que elas são infectadas na mesma proporção dos demais. “Como é um vírus novo, ainda estamos aprendendo sobre ele, mas aparentemente, grávidas correm o risco que a população geral corre”, afirma.
Mozart reforça que o vírus não tem letalidade alta. Em geral, os sintomas duram de sete a 14 dias, e 20% dos infectados devem precisar de internamento. Desse percentual, 4% ou 5% vão precisar de UTI.
Entre as crianças, a letalidade é muito baixa, mas estas podem transmitir o vírus para os idosos. O cuidado, então, deve ser o mesmo.
Hospital preparado para enfrentar a pandemia
O coordenador médico explica que o Hospital São Camilo Fortaleza tem adotado um fluxo diferenciado na emergência, para lidar com os casos de Covid-19. Logo na entrada, os profissionais trabalham para identificar de forma mais ágil os pacientes com insuficiência respiratória. Há uma separação de locais para internamento isolado dos demais pacientes do hospital, de forma a proteger os demais pacientes e o quadro de profissionais.
“A equipe está sendo permanentemente treinada para dar suporte ao paciente, desde a emergência, até o internamento e alta”, ressalta.
O hospital conta atualmente com 20 leitos exclusivos para Covid-19, 10 leitos de UTI geral, 10 de UTI neonatal e 10 de UTI pediátrica.
“Numa calamidade pública, podemos chegar a até 60 leitos adultos, mas esperamos que não seja necessário. Para isso, é preciso que todos exerçam um ato de civilidade. Estamos em época de viroses, então se tiver sintomas leves, permaneça em casa. Só conseguiremos vencer a epidemia com a ajuda de todos”, conclui.