Projeto Acalentar: videochamadas no HIAS aproximam pacientes e familiares
Segundo famílias, momento de ligação é emocionante e traz mais confiança
Reduzir distâncias e trazer conforto e humanização para o processo de internamento infantil para pacientes estão entre os principais objetivos do Projeto Acalentar. A ação, que surgiu no início da pandemia para internados na Unidade de Tratamento Intensivo 3 do Hospital Infantil Albert Sabin (Hias), da rede pública da Secretaria de Saúde do Ceará (Sesa), se consolidou e se transformou em projeto na unidade. Realizado por uma equipe multiprofissional, a iniciativa, que também traz benefícios para os profissionais, inclui psicólogos, assistente social e médica pediatra.
Atualmente, além da UTI 3, o serviço de videochamadas também é utilizado nas UTIs 1 e 2, na Unidade de Pacientes Especiais (UPE) e pelo serviço de Cuidados Paliativos do hospital. Ao todo, já foram realizadas mais de 100 encontros virtuais.
De acordo com a pediatra Cinara Carneiro, uma das autoras do projeto, além de trazer benefícios para as crianças internadas e as famílias, a proposta também se mostrou muito importante para os profissionais das unidades. “No momento que desenhamos esse projeto, a gente trouxe esse acalento para essas crianças e pra gente também. Foi uma forma de voltar ao contato que a gente costumeiramente tinha com a família, ter uma sensação maior de que os cuidadores estão compreendendo bem as informações sobre o tratamento que está sendo realizado”, explica a pediatra.
“Tirar o ventilador [mecânico] do paciente já é uma conquista, mas permitir que a família veja esse sucesso é o ponto alto do plantão da gente. E tenho certeza que não é só minha impressão”, continua a médica, que atua na UTI 3.
Projeto
Participam das videochamadas pacientes que tenham capacidade de comunicação verbal efetiva. As visitas virtuais ocorrem duas vezes por semana, com duração de cinco minutos, e são mediadas por profissionais da psicologia que também estarão disponíveis para acolhimento psicológico do paciente e das famílias durante as visitas.
Uma das beneficiadas foi Samyra Soares, de 17 anos, que chegou a passar 12 dias internada na UTI 3 em junho de 2020. De acordo com a mãe da adolescente, Eurisledenia Santos, poder ver a filha, ainda que por meio de uma tela, deu muita confiança. “Ela é filha única, e esses 12 dias foram uma eternidade. Foi uma emoção muito grande não só para mim como para toda a minha família. Ver ela hoje bem é maravilhoso”, comemora.
“Este momento da videochamada é um momento de muito acalento porque, assim que um paciente acorda, a primeira coisa que essa criança busca são as pessoas de confiança e do convívio dela”, afirma Bruna Fonteles, psicóloga do Centro de Emergência do Hias.
Assim como Cinara, Bruna também considera que este é também um acalento para a equipe profissional. “A rotina de uma UTI é muito focada em procedimento, muito técnica, então esse momento traz sempre muita alegria e emoção”, observa.
Também fazem parte do grupo criador do projeto a assistente social Saionara Pereira e a psicóloga residente em pediatria Vanilla Oliveira.
Suporte para tablet sustentável facilita comunicação
Em ação conjunta com a equipe multiprofissional, ainda no ano passado, foi implantado o uso de um suporte para tablet sustentável feito com canos de PVC e plástico, de fácil montagem e limpeza, facilitando o uso para pacientes com dificuldades de manipulação de objetos ou de mobilidade.
“Nem toda criança consegue sentar ou gosta de fazer a videochamada deitado. Então, fizemos de uma forma que a criança conseguisse utilizar o tablet na posição que ela estivesse mais confortável”, explica a terapeuta ocupacional Moniky Lopes, criadora do suporte.
O material utilizado para a confecção de seis dispositivos foi conseguido por meio de doações das próprias equipes das unidades.
Crédito das fotos: Felipe Dutra/Divulgação