Seminário na Pinacoteca do Ceará debate feminismo e suas contribuições para a arte brasileira

Seminário na Pinacoteca do Ceará debate feminismo e suas contribuições para a arte brasileira

Nos dias 21 e 22 de fevereiro, seis artistas e pensadoras dialogam sobre as dissidências dos sistemas binários de sexo-gênero e as perspectivas ecofeministas no seminário “Eflorescências feministas: pensamentos e práticas”

Pinacoteca do Ceará realiza o seminário “Eflorescências feministas: pensamentos e práticas”, nos próximos dias 21 e 22 de fevereiro. No centro dos debates, o atravessamento do pensamento feminista na formulação teórica e nas práticas artísticas no Brasil, a partir de autores como o filósofo Paul Preciado e a curadora Lucy Lippard. O evento integra a política de formação da Pinacoteca do Ceará e tem curadoria do coletivo Vozes Agudas, do Ateliê397, espaço independente de arte sediado em São Paulo cujo objetivo é dar visibilidade ao trabalho de mulheres no sistema das artes visuais. 

O seminário terá duas mesas temáticas e contará com a participação de artistas e pensadoras cearenses, como Lyz Vedra e Antônia Kanindé. As discussões ocorrem no auditório do museu, que integra a Rede de Equipamentos e Espaços Culturais da Secretaria da Cultura do Ceará (SECULT-CE) e é gerido em parceria com o Instituto Mirante. 

Com o objetivo dar visibilidade à produção de artistas, curadoras mulheres (cis e trans) e pessoas não binárias na arte brasileira, o seminário propõe debates a partir da influência de autores essenciais para a formulação do pensamento feminista e das práticas artísticas no Brasil. 

O grupo toma de empréstimo o termo eflorescência como estratégia para pensar novos caminhos e reflexões no campo das artes visuais. As eflorescências aparecem quando soluções salinizadas atravessam superfícies porosas, deixando depósitos que formam cristais pontiagudos e cortantes. Assim também é o pensamento e a escrita dos autores propostos no ciclo formativo: eles provocam rupturasquestionamentos novos caminhos para as práticas nas artes visuais. 

Em 2024, foi realizada a primeira edição do ciclo de debates no Centro de Pesquisa e Formação (CPF) do Sesc, em São Paulo. Agora, na Pinacoteca do Ceará, o seminário reúne duas mesas com temas emergentes no debate feminista, que dialogam com a arte e a crise ambiental. 

Na sexta-feira (21), às 17h30, o museu dá início às atividades com a mesa “Transições permanentes: dissidências dos sistemas binários de sexo-gênero”. A crítica de arte e curadora Thais Rivitti, o artista Fefa Lins e a também artista e pesquisadora Lyz Vedra apresentam suas pesquisas e conversam a partir das ideias do filósofo e curador Paul Preciado presentes no livro Testo Junkie (2018).

A primeira mesa explora o que significa pensar e viver além da normatividade conservadora que restringe os corpos ao regime binário de gênero. Com uma abordagem propositiva, a mesa questiona como as lutas feministas podem avançar sem recorrer a esse binarismo, além de repensar os significantes que a palavra “feminino” remete. A discussão também examina como a arte pode subverter essas normas, seja por meio da pintura, que embaralha identidades e desafia categorias de gênero, ou pela performance, que conecta corpo, arte e natureza para propor discussões éticas, estéticas e políticas. 

No sábado (22), às 16h, Bruna Fernanda, Licida Vidal e Antônia Kanindé dialogam a partir das ideias da crítica de arte e curadora Lucy Lippard na mesa “As direções da arte ambiental: perspectivas ecofeministas”. O debate discutirá a trajetória de Lucy Lippard, desde seus escritos feministas dos anos 1970 até suas críticas à land art – movimento artístico dos anos 1960 que cria intervenções na natureza, utilizando materiais do ambiente, como terra e pedras – no século XXI. 

Além disso, abordará investigações artísticas que utilizam materiais orgânicos, como cerâmica, água, cristais e plantas, para propor redes colaborativas entre formas de vida. A mesa também incluirá discussões sobre processos ligados a territórios e museologia social, a partir das experiências e conhecimentos do povo Kanindé, no Ceará, ampliando o diálogo entre arte, ecologia e cultura.

SOBRE AS PALESTRANTES

Antônia Kanindé é indígena da etnia Kanindé, de Aratuba-CE, Bacharel em Museologia pela Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB) e mestranda no programa de Pós-graduação em Antropologia PPGA-UFC/UNILAB. Foi servidora pública da Secretaria de Cultura do Estado do Ceará, integra a Articulação das Mulheres Indígenas do Ceará (AMICE), o grupo de comunicadores Juventude Indígena Conectar (JIC) e a Rede Indígena de Memória e Museologia Social no Brasil.

Bruna Fernanda é pesquisadora, curadora e educadora. É formada em História pela USP e mestre em Identidades e Culturas Brasileiras no IEB-USP com pesquisa sobre discussão de gênero em textos de arte. Faz parte da gestão do Ateliê397 e do coletivo feminista Vozes Agudas. 

Fefa Lins pesquisa corpo e gênero. Em 2023, fez sua primeira exposição em São Paulo e possui obras em coleções públicas. Foi indicado ao Prêmio PIPA 22. 

Lyz Vedra é travesti e artista-pesquisadora das artes do corpo, atuante na produção de conhecimento por meio de um pensamento sensível em artes. É mestranda no Programa de Pós-graduação em Artes e Bacharela em Dança, vinculados ao Instituto de Cultura e Arte (ICA) da Universidade Federal do Ceará (UFC). 

Licida Vidal é artista visual nascida entre as montanhas do Vale do Paraíba (SP). Hoje morando na fronteira da floresta e da cidade, a artista traça sua pesquisa afastando-se do meio urbano, investigando a relação conflituosa entre humano e natureza, as colonizações das paisagens e a vulnerabilização de corpos e territórios. 

Thais Rivitti é crítica de arte e curadora. Mestre em Teoria, História e Crítica de Arte pela USP. Particularmente interessada na arte contemporânea brasileira, é uma das gestoras do espaço de arte independente Ateliê397.

SOBRE A PINACOTECA DO CEARÁ 

Inaugurada em dezembro de 2022, a Pinacoteca do Ceará tem a missão de salvaguardar, preservar, pesquisar e difundir a coleção artística da instituição, sendo espaço de ações formativas com artistas, comunidade escolar, famílias, movimentos sociais, organizações não governamentais e demais profissionais do campo das artes e da cultura. Trata-se de um espaço de experimentação, pesquisa e reflexão para promover o diálogo entre arte e educação a partir de práticas artísticas. 

SERVIÇO 
Seminário “Eflorescências feministas: pensamentos e práticas”
Classificação Indicativa: Livre
Local: Auditório da Pinacoteca do Ceará 
Acessível em Libras  
100 vagas por ordem de chegada

21/02/2025 | Sexta | 17h30 às 19h30
Mesa 1 – Transições permanentes: dissidências dos sistemas binários de sexo-gênero
Com Thais Rivitti, Fefa Lins e Lyz Vedra

22/02/2025 | Sábado | 16h às 19h
Mesa 2 – As direções da arte ambiental: perspectivas ecofeministas
Com Bruna Fernanda, Licida Vidal e Antônia Kanindé

Suyane Costa

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *