Tabu feminino: falar sobre fertilidade ainda é um assunto delicado?
A dificuldade para engravidar pode, muitas vezes, afetar psicologicamente as mulheres. O sonho não realizado e a sensação de “não estar completa” podem dificultar a troca de experiências.
Em se tratando de assuntos como sexualidade e fertilidade feminina, das duas uma: ou todo mundo tem uma dica infalível para engravidar ou vira um tabu se há dificuldade. A fertilidade é uma parte importante da vida de muitas mulheres. Quando as coisas não saem como ou quando planejado, os medos e as incertezas começam a surgir. E muitas vezes, falar sobre isso com alguém pode ser difícil.
“Vivemos em uma sociedade, que apesar dos avanços, ainda cobra muito da mulher quanto a sua fertilidade. A idealização de se tornar mãe, quando não é conquistada, pode gerar uma insegurança e uma sensação de desconforto, além da ansiedade”, afirma Dra Lilian Serio, médica especialista em medicina reprodutiva e diretora da Fertibaby Ceará.
No entanto, a dificuldade para engravidar é um tema muito mais comum do que se imagina. Segundo a Organização Mundial da Saúde, um em cada quatro casais de países em desenvolvimento são afetados pela infertilidade. Em todo o mundo, há mais de 50 milhões de pessoas nesta situação. No Brasil, esse número chega a 8 milhões.
“A dificuldade para engravidar não deveria ser lidada como um tabu nos dias de hoje. A conversa aberta, a busca por conhecimento e o avanço da medicina reprodutiva deveriam ser temas presentes nas rodas de conversas de mulheres que desejam engravidar, tendo elas ou não contratempo”, completa Lilian.
Quebrando esse tabu, mulheres como Michelle Obama, ex-primeira dama dos Estados Unidos, falam abertamente sobre a infertilidade e o apoio na medicina reprodutiva. Michele, por exemplo, contou ter recorrido à fertilização in vitro para dar à luz duas filhas, Sasha (21) e Malia (18). “Acho que a pior coisa que podemos fazer umas com as outras, como mulheres, é não compartilhar a verdade sobre nossos corpos e sobre como eles funcionam”, revelou a ex-primeira dama em entrevista para TV norte americana.
Para a diretora da Fertibaby, as consequências da infertilidade passam por questões emocionais. “A ansiedade e a frustração mexe com a feminilidade e gera culpa de ter esperado muito tempo para engravidar”, diz a especialista. “Por isso, nada melhor que uma boa conversa para compartilhar informação, diminuir os medos e buscar ajuda”, completa.