Participação da família é ideal para o tratamento de depressão em crianças e adolescentes, alerta especialista da Rede Municipal de Fortaleza

A atenção à saúde mental visando à prevenção ao suicídio é o objetivo da campanha do Setembro Amarelo

O desenvolvimento de comportamento autolesivo e da depressão em crianças e jovens é potencializado por luto, abuso ou negligência parentais, bullying, pobreza, exposição a situações de violência recorrentes. De acordo com Raquel Maia Freitas, psiquiatra de um dos Centro de Atenção Psicossocial (Caps) voltados para o público infantojuvenil de Fortaleza, o tratamento ideal para a depressão desse público deve ser individualizado, com a participação de uma equipe multiprofissional, da família e da escola.

‘’O tratamento depende da gravidade de cada caso e da idade do paciente, podendo incluir abordagem medicamentosa com antidepressivos, necessitando sempre da supervisão médica regular. Psicoterapia, terapia ocupacional, atividade física regular, acompanhamento nutricional também têm um papel importante no tratamento da depressão, bem como de outras questões de saúde mental’’, explicou a médica.

Ao perceber mudanças de comportamento no neto adolescente, a dona de casa Maria do Socorro procurou o atendimento de saúde adequado em Fortaleza. Ela notou que o jovem passou a ter crises de ansiedade cada vez mais fortes, além de relatar episódios de bullying. “Nós vimos uma irritabilidade maior nele, mudanças de humor e comportamentos que nos deixaram preocupados. Procuramos o Caps para buscar ajuda de um especialista, e hoje ele faz acompanhamento com psicólogo e psiquiatra. O medicamento diminui a agitação dele, ele não tem tido mais crises, e nós ficamos atentos para evitar que ele sofra bullying. Ele gosta muito do atendimento do psicólogo e consideramos que ele esteja melhor hoje”, explicou a dona de casa.

Atendimento da saúde mental em Fortaleza
Para a ampliação do acolhimento de crianças e adolescentes, a Prefeitura de Fortaleza inaugurou, em agosto de 2023, um novo Centro de Atenção Psicossocial Infantojuvenil (Capsi), sendo o terceiro do Município voltado para o público de até 17 anos, 11 meses e 29 dias. Além desses equipamentos direcionados à população infantojuvenil, Fortaleza conta com outros 13 Caps.

A atenção à saúde mental de Fortaleza para todas as idades acontece nos postos de saúde e nos 16 Centros de Atenção Psicossocial Caps a depender da complexidade de cada caso. A depressão, por exemplo, deve ser diferenciada de tristeza ou frustração, caracterizando-se nos pacientes como um quadro mais persistente e profundo, com uma visão negativa de si mesmo e do futuro e perda de interesse ou prazer nas atividades cotidianas. A prevenção ao suicídio acontece de forma direcionada nos Caps com acompanhamentos individuais e em grupo, visando o manejo do sofrimento psíquico e estabilização de doenças mentais diagnosticadas.

Setembro Amarelo
O cuidado com a saúde mental visando a prevenção ao suicídio, em todas as faixas etárias, é o objetivo da campanha mundial do Setembro Amarelo, que tem em 2023 o lema “Se precisar, peça ajuda!”. Essa é a causa de mais de 700 mil mortes anualmente, de acordo com índices até 2022 da Organização Mundial da Saúde (OMS), e tem a depressão como componente em grande parte dos casos em que se provoca intencionalmente a própria morte.

A decisão de tirar a própria vida é complexa e não está relacionada a apenas um transtorno, como à depressão, mas a outras condições que aumentam o risco de lesões autoprovocadas como a dependência química, o transtorno bipolar, a esquizofrenia e o transtorno da personalidade borderline e situações que envolvam sofrimento psíquico.